12.12.11
A ARTE DE ALMANDRADE É TEMA DE EXPOSIÇÃO NA CAIXA CULTURAL SP*
*A ARTE DE ALMANDRADE É TEMA DE EXPOSIÇÃO NA CAIXA CULTURAL SP*
*Mostra documenta cerca de 40 anos de arte do artista plástico baiano*
* *
Entre os dias 03 de dezembro de 2011 e 26 de fevereiro de 2012 estará em
exposição na Caixa Cultural SP a mostra “Almandrade - esculturas, objetos,
pinturas, desenhos, instalação e poemas visuais”. Esta exposição tem
caráter comemorativo e documenta cerca de 40 anos de arte de um
pioneiro da arte contemporâne brasileira Almandrade. A entrada é
franca.
Esta exposição é um recorte do seu trabalho elaborado em mais de três
décadas de utilização do objeto de arte para estimular o pensamento e
provocar a reflexão, segundo critério fundamentados na racionalidade, na
materialidade e, não por acaso, na economia de dados, sem deixar que
conceitos sobreponham ao fazer artístico. Almandrade compromete-se com a
pesquisa de linguagens artísticas que envolve artes plásticas, poesia e
conceitos. No percurso do artista, destaca-se a passagem pelo concretismo e
a arte conceitual, nos anos 70, o que contribuiu fortemente com a
incessante busca de uma linguagem singular, limpa, de vocabulário gráfico
sintético. De certa forma, um trabalho que sempre se diferenciou da arte
produzida na Bahia.
O trabalho de Almandrade, tanto pictórico quanto linguístico, vem se
impondo, ao longo de todos esses anos, como um lugar de reflexão, solitário
e à margem do cenário cultural baiano. Depois dos primeiros ensaios
figurativos, no início da década de 70, conquistando uma Menção Honrosa no
I Salão Estudantil, em 1972, sua pesquisa plástica se encaminha para o
abstracionismo geométrico e para a arte conceitual. Como poeta, mantém
contato com a poesia concreta e o poema/processo, produzindo uma série de
poemas visuais. Com um estudo mais rigoroso do construtivismo e da Arte
Conceitual, sua arte se desenvolve entre a geometria e o conceito. Desenhos
em preto-e-branco, objetos e projetos de instalações, essencialmente
cerebrais, calcados num procedimento primoroso de tratar questões práticas
e conceituais, marcam a produção deste artista na segunda metade da década
de 70.
Redescobre a cor no começo dos anos 80 e os trabalhos, quer sejam pinturas
ou objetos e esculturas, ganham uma dimensão lúdica, sem perder a coerência
e a capacidade de divertir com inteligência.
Um escultor que trabalha com a cor e com o espaço e um pintor que medita
sobre a forma, o traço e a cor no plano da tela. A arte de Almandrade
dialoga com certas referências da modernidade, reinventando novas leituras.
*ALMANDRADE*
(Antônio Luiz M. Andrade)
Artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano e poeta. Participou
de várias mostras coletivas, entre elas: XII, XIII e XVI Bienal de São
Paulo; "Em Busca da Essência" - mostra especial da XIX Bienal de São Paulo;
IV Salão Nacional; Universo do Futebol (MAM/Rio); Feira Nacional (S.Paulo);
II Salão Paulista, I Exposição Internacional de Escultura Efêmeras
(Fortaleza); I Salão Baiano; II Salão Nacional; Menção honrosa no I Salão
Estudantil em 1972. Integrou coletivas de poemas visuais, multimeios e
projetos de instalações no Brasil e exterior. Um dos criadores do Grupo de
Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista "Semiótica" em 1974.
Realizou cerca de vinte exposições individuais em Salvador, Recife, Rio de
Janeiro, Brasília e São Paulo entre 1975 e 1997; escreveu em vários jornais
e revistas especializados sobre arte, arquitetura e urbanismo. Prêmios nos
concursos de projetos para obras de artes plásticas do Museu de Arte
Moderna da Bahia, 1981/82. Prêmio Fundarte no XXXIX Salão de Artes
Plásticas de Pernambuco em 1986. Editou os livretos de poesias e/ou
trabalhos visuais: "O Sacrifício do Sentido", "Obscuridades do Riso",
"Poemas", "Suor Noturno" e Arquitetura de Algodão". Prêmio Copene de
cultura e arte, 1997. Tem trabalhos em vários acervos particulares e
públicos, como: Museu de Arte Moderna da Bahia e Pinacoteca Municipal de
São Paulo.
* *
*SERVIÇO:*
*Exposição: *A Arte de Almandrade
Abertura e visita guiada pelo artista: dia 03 de dezembro, *a partir das
11h *
*Visitação: *de 03 de dezembro de 2011 a 26 de fevereiro de 2012
*Horário de visitação:* de terça-feira a domingo, das 9h às 21h.
*Local:* CAIXA Cultural São Paulo (Sé) - Praça da Sé, 111 – Centro – São
Paulo/SP
*Informações, agendamento de visitas mediadas e translado (ônibus) para
escolas públicas:* (11) 3321-4400
*Acesso para pessoas com necessidades especiais*
*Entrada:* franca
*Recomendação etária:* Livre
*Patrocínio:* Caixa Econômica Federal
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*AS ESCULTURAS DE ALMANDRADE
Cada uma das peças compõem-se de duas placas encaixadas que foram colocadas
diretamente sobre o chão. As placas são recortadas e vazadas e não se
empregam pregos, colas ou emendas.
Para se traçar um paralelo dentro da arte contemporânea dessas peças com
objetos de outros artistas, seria interessante dizer que as esculturas de
Almandrade mantém uma certa identidade com as de Franz Weissman e Amílcar
de Castro. O construtivismo, a economia material e a escolha de cores
simples são conceitos presentes na obra dos três artistas. No entanto, há
elementos de distinção. Franz Weissman e Amílcar de Castro usam solda ou
dobra na confecção de seus objetos.
Almandrade usa como procedimento de montagem o encaixe direto, onde os
planos de madeira laminada se interpenetram e se apoiam mutuamente.
O fato de não haver dobra nas peças de Almandrade é um índice importante
para a análise de sua obra. Almandrade intencionalmente mantém uma
distância do barroquismo, do expressionismo e de outras tendências do tipo
sensual muito recorrentes na arte baiana e brasileira.
O barroco tem muitas seduções. A dobra que vai ao infinito é um artifício
barroco que ultrapassa sua própria moda e seus limites históricos (ver
Deleuze em A Dobra, Leibnitz e o Barroco). Com a dobra, a escultura ganha
uma vibração especial, estendendo-se à arquitetura e alcança espaços cada
vez mais amplos. Trata-se de uma ilusão de ótica que realmente abre um
campo de significados.
As peças de Almandrade não possuem a dobra, evitando o seu ilusionismo. A
dobra na escultura permite a mudança de plano sem rupturas de continuidade.
O olhar que acompanha um plano ao passar pela dobra aceita a mudança de
direção e é convidado a avançar sucessivamente até deslizar em uma outra
dobra. A dobra provoca um despistamento que, se por um lado seduz, por
outro distrai o expectador. Pode-se dizer, além disso que a ambivalência da
dobra percorre uma espiral que vai do desejo à melancolia. Ao suprimir a
dobra Almandrade parece estar procurando evitar a dispersão intelectual e o
efeito de superfície.
Curiosamente, nos retábulos barrocos brasileiros, no entanto, as peças de
madeira que sustentavam as dobras e curvas das superfícies ornamentadas,
eram montadas com encaixes. Esses encaixes tinham que ser perfeitos em sua
geometria. O barroco recorreu em suas bases construtivas a técnica do
ensamblamento. Ensamblar significava, no dicionário de arquitetura e
ornamentação, reunir, juntar, encaixar peças de diversos materiais. Um
glossário do barroco mineiro traz uma referência documental, datada de
1771, referente à construção de uma igreja em Sabará, de um “ensamblamento”
de pedras, com ferro e chumbo.
As peças reunidas nos retábulos de madeira das igrejas barrocas deviam ser
ensambladas, quer dizer, encaixadas uma nas outras, sem a necessidade de
recorrer-se a pregos ou colagens.
Nesse sentido as peças de Almandrade contém um ar clássico que, pode-se
afirmar, continua atravessando até hoje, energicamente, o mundo material
das artes plásticas. Esse trabalho parece estar respondendo a pergunta
fundamental, o que assegura a expansão expressiva infinita (da arte, da
imaginação, das dobras) em relação ao portador finito (a madeira, o ferro,
a pedra)? Qual é estrutura construtiva, quais são os encaixes e as
articulações que permitem a realização de uma obra?
*Francisco Antônio Zorzo*
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Bibliografia
*Ávila, Affonso et. Al. Barroco Mineiro Glossário de Arquitetura e
Ornamentação*
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